A MODA DEVE “OLHAR PARA CIMA”, E PARA ALÉM
A última publicação de 2021 da plataforma Inova Moda Digital, “Como a moda circular conecta?”, termina com a frase ''o futuro da moda é circular''. Mas, quando se fala em futuro, frequentemente tem-se a ideia de um tempo distante, de um tempo que ainda vai demorar a chegar. Entretanto, a concepção de futuro que tem sido discutida por aqui é a de um futuro bem próximo, que está logo ali, do amanhã, no sentido figurado e literal.
O filme Don't Look Up (Não olhe para cima) lançado no mês passado, do diretor Adam Mckay, expõe a indiferença à iminente catástrofe que será causada por um cometa que está em rota de colisão com a Terra. Na trama, assim como tem sido na vida real, o alerta dos pesquisadores sobre a possibilidade de extinção da vida humana é ignorado, minimizando as consequências do desastre. Certamente, há muitas considerações a se fazer sobre o filme, mas o importante aqui é perceber a pertinência da metáfora com a crise climática, questão vital do tempo presente.
Nos últimos dois anos, desafios inimagináveis foram superados e ficou claro que, mesmo diante de resistências e dificuldades, é possível pensar em formas alternativas de conduzir os negócios. À medida que 2022 começa, é o momento de colocar em prática tudo o que foi aprendido nesse período. As discussões sobre a economia circular vêm ganhando força em diferentes espaços, e isso é ótimo porque acelera o processo de transição do modelo predominante de produção e consumo, para opções que permitam o fechamento de ciclos e a manutenção dos materiais e insumos em uso. Projetar para a circularidade será essencial para um futuro sustentável do setor.
Este é o momento para estimular ações coletivas. As conexões precisam se tornar mais genuínas e transparentes. É tempo de reconexão. Tempo também de substituir o caráter efêmero da moda por um sentido maior de permanência, de enaltecer uma moda regenerativa, produzida com matéria-prima sustentável e que seja feita para durar. Por isso, a moda precisa “olhar” para todos os sentidos e para além do que está estabelecido como paradigma. O ano de 2022 pode ser o turn point para a indústria têxtil e de vestuário, e este é um convite para que você faça parte dessa transformação.
Imagem: Max Andrey no Pexels.