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CAMINHOS PARA O (RE)DESENVOLVIMENTO – MODELOS DE NEGÓCIOS COLETIVOS COM BASE NA ECONOMIA DA FUNCIONALIDADE E DA COOPERAÇÃO

A economia circular é resultado da evolução do conceito de várias escolas de pensamento, sendo uma delas, a “ecologia industrial”, que adota um ponto de vista sistêmico sobre os processos de produção de acordo com as restrições ambientais locais, e o impacto global. A ecologia industrial propõe ajudar as empresas a compreender como usam os recursos, como monitoram os fluxos de materiais, energia e água, e também, como se responsabilizam pelo produto durante todo o seu ciclo de vida. Com o olhar voltado para as conexões entre os atores envolvidos no “ecossistema industrial”, essa abordagem aponta para a criação de processos produtivos de ciclo fechado onde os resíduos são revertidos em insumo e retornam para a cadeia de valor.

De forma antagônica a vigente economia linear e fazendo alusão à metáfora dos ecossistemas naturais, modelos de negócios coletivos, com foco em questões de desenvolvimento sustentável e relações renovadas entre os atores, estão inseridos nessa perspectiva pois ampliam o uso dos recursos ao mesmo tempo que reduzem taxas de desperdício, de geração de resíduos e de emissões através de um ambiente de colaboração. Essas parcerias podem criar novas experiências e iniciativas co-construídas entre grandes empresas e atores emergentes a partir da hibridização de modelos de negócios.

Quando se fala de inovação a nível sistêmico, para além do uso de novas tecnologias, pode-se pensar em novas formas de interação e soluções sustentáveis, que resultam em convergências de interesses entre os envolvidos, a partir de sistemas ecoeficientes e socialmente justos e coesos. Os novos modelos de negócios questionam o âmbito de atuação das empresas tradicionais e estão mudando a cadeia de valor. As novas ideias têm surgido, principalmente, desses empreendedores, cujos negócios têm origem em experimentos acadêmicos e outros projetos. Conhecidos como “novos entrantes”, ou também como “nativos inovadores” figuram a oportunidade de conexão entre empresas de diversos segmentos e dimensões e não devem ser vistos como concorrentes.

 

Imagem 1: As principais inovações têm surgido a partir de pequenos negócios

A chamada Economia da Funcionalidade e da Cooperação é um modelo alternativo para a criação de valor, que tem como um dos seus princípios a cooperação entre os stakeholders de uma determinada região. Na economia da funcionalidade vender “o uso” ao invés de vender o produto é um tipo de negócio sustentável que captura as externalidades econômicas, ambientais e sociais, transferindo o foco do volume, para a qualidade da produção. Sistemas de pay-per-use, leasing, compartilhamento e sistemas de troca, podem ser incluídos como exemplos de modelos de negócios que têm substituído a noção de propriedade e transformado produtos em serviços. Todos eles promovem maior circulação das mercadorias, das partes componentes e de materiais.

 

Imagem 2: Sistemas de pay-per-use, leasing e compartilhamento.

Diferente do tradicional, modelos de negócios coletivos estão baseados em duas dimensões, a ambiental, através do prisma da análise do ciclo de vida do produto, do serviço ou de ambos; e a social, construída na perspectiva das partes interessadas. Esse novo olhar questiona a noção de valor, e a este passa a ser atribuída a ideia de valor compartilhado. A entrega dessa nova concepção de valor vai depender das conexões construídas e das ações individual e coletiva, e isso requer o desenvolvimento de habilidades estratégicas.

A ideia é que a empresa deixe de ser o centro do negócio e passe a ocupar uma das posições do ecossistema de inovação do qual faz parte potencializando a sua capacidade individual e organizacional, bem como a de cada um dos outros integrantes que compõe o sistema. Essa lógica de cooperação torna-se basilar em um contexto de circularidade. Entretanto, a reorientação sobre o valor de uso e, de forma mais geral, sobre os efeitos úteis que a integração de produtos e serviços proporciona, também envolve uma mudança de comportamento do consumidor. Todos precisam estar mobilizados em torno de um objeto comum: mudar os padrões de produção e consumo.

Uma das definições da palavra colaboração é a de um trabalho em comum feito por uma ou mais pessoas que contribui para a realização de algo. Trilhar caminhos para um (re)desenvolvimento requer a expansão dos limites. Para além do seu próprio time, é preciso olhar para fora e trabalhar em rede, e isso implica em inverter a lógica econômica usual do business para se manter eficiente frente as novas demandas do mercado e ao surgimento de novas tecnologias. Os desafios são diversos, mas estas práticas podem implementar vínculos inovadores. As empresas que trabalham com base em princípios circulares estão entre as que mais crescem na economia.

 

REFERÊNCIAS:

  • Maillefert, M. & Robert, I. Nouveaux modèles économiques et création de valeur territoriale autour de l'économie circulaire, de l’économie de la fonctionnalité et de l’écologie industrielle. Revue d’Économie Régionale & Urbaine, pages 905-934. 2017. Leia mais aqui.
  • VEZZOLI, C. Design de sistemas para a sustentabilidade. Salvador: EDUFBA, 2010.
  • WEETMAN, K. The circular economy handbook for business and supply chains: repair, remake, redesign, rethink. 1ed. Kogan Page, 2016.

 

Imagens:  RF._.studio no Pexels; Eva Elijas no Pexels; Ron Lanch no Pexels.

 


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