Parte 2/2

Para apoiá-lo nesse momento de retomada, fizemos uma análise complementar e atualizada do relatório do Inova Moda Digital Verão 20/21 (REGENERAÇÃO) de forma a inspirar sua pesquisa e a criação de novos produtos. Os temas apresentados para o Verão se confirmaram e apesar do evento pandemia, se intensificaram e/ou evoluíram. Em linhas gerais o relatório sinalizava uma busca pelo equilíbrio e bem-estar em todas as dimensões, chamando a atenção para uma mudança urgente e significativa no sistema da moda.

Em recente entrevista, a designer nova-iorquina, Anna Sui, disse que “a moda é um espelho dos tempos - você pode definir uma era pelas roupas", a exemplo do que aconteceu em períodos passados. Não haveria de ser diferente agora.

Ao estudarmos esse reflexo do tempo para entender a lógica do momento, percebemos que tem ocorrido um movimento de descomplicação e de desaceleração na criação de novos produtos. Finalmente, a indústria como um todo, está produzindo sob o lema “menos é mais”. E que assim permaneça.

Neste momento toda a indústria da moda está revendo e fazendo ajustes em seus planejamentos de coleção. A instabilidade continua, a crise financeira é real e é hora de pensar em estratégias resilientes para elaboração do mix, pautada em critérios atualizados de forma que resultem em coleções mais fluidas e assertivas, ao invés de estoques “mortos”. Produzir orientado por modelos passados é correr um grande risco. Assim, optamos por adotar uma nova ordem para a classificação estética e estratégica do mix de produtos com algumas orientações estéticas que consideramos úteis e que possam ajudá-lo a se preparar para se reinserir num mercado pós-pandêmico, com atenção a sazonalidade mais fluida, e ainda atender um consumidor que aprendeu a ser menos dependente das tendências instantâneas.

Vale lembrar que, embora os problemas sejam os mesmos para toda a comunidade da moda, um mesmo tamanho não serve para todo mundo, ou seja, as soluções devem ser sempre individuais (marca, persona, mercado).

INVESTIMENTO NO MIX

É certo que marcas e designers terão que imaginar roupas essenciais que sejam duráveis ​​e expressem personalidade, adaptadas às mudanças de comportamento. Com foco nessas mudanças que já foram analisadas num post anterior, utilizamos uma ferramenta de fácil entendimento para ajudar a analisar o mix de produtos e planejar suas apostas, conciliando criatividade, emoções e realidade para minimizar riscos, e interpretar as novas prioridades de consumo. Assim sendo:

Referência de imagem: Trendbilble

1. Simplifique e enriqueça – Conforto, longevidade, trans-sazonalidade (sustentabilidade). Considere usar peças que potencializem o desempenho e renovem os best-sellers (observe que não se trata de uma austeridade essencialista radical, pois seria muito limitador) ou que enriqueçam e ressignifique o estoque morto.

2. Foco em sazonalidade - Transformação modular, reaproveitamento de modelagens; foco em mapas de corte em grupos. Devido ao fator sazonalidade, recomenda-se a produção em menores quantidades.

3. Ressignifique – Redesign de estoque morto (produtos, tecidos, aviamentos). Produção mais lenta e criativa. Quantidades limitadas imposta pelo reuso de peças prontas ou tecidos em estoque.

AS REPOSTAS ESTÉTICAS PARA  DIFERENTES REAÇÕES 

De acordo com uma análise da plataforma Fashion Snoops, é importante entender os diferentes estágios emocionais dos consumidores (principalmente do seu alvo) para direcionar as respostas estéticas sabendo-se que, as emoções não são lineares e que estão sujeitas a diferentes ciclos ao longo de 24 horas, e que cada marca tem uma identidade única. Assim, optamos por agrupar as emoções em 3 orientações conciliando à cada grupo, uma estratégia de mix de produtos e as repostas estéticas predominantes encontradas nas últimas pesquisas.

CONSCIENTIZAÇÃO

Resposta ao medo; consequência do isolamento e do novo home-office. O conforto de estar em casa e as consequências de uma grande pausa para reflexão, se estende às ruas.

Simplifique e enriqueça – Conforto, longevidade, trans-sazonalidade (sustentabilidade). Considere usar peças que potencializem o desempenho e renovem e enriqueçam os produtos sazonais ou valorizem e ressignifique o estoque morto.

• Mood: Conforto, longevidade, trans-sazonalidade (sustentabilidade). Considere usar peças que potencializem o desempenho e renovem os best-sellers ou enriqueça e ressignifique peças do estoque morto. Apostas mais seguras.

Destaque para:

Bermudas e Calças: cintura de elástico, pernas amplas e confortáveis

Macacão: O macacão alcançou a adesão do estilo de rua e nas passarelas sendo destacado como um item-chave.

Vestidos: estilo kaftan, amplos e frescos em tecidos de algodão ou matérias-primas naturais; vestidos de malha/tricô leve industrial.

Conjuntos (blusa, calça ou bermuda) são alternativas de bem-estar e relax; uma extensão do loungewear.

Detalhes: elástico na cintura, linhas fluidas e proporções envolventes são essenciais para o novo foco no conforto; minimalismo e foco renovado na sustentabilidade, oferecendo grande versatilidade.  Recortes cuidadosamente posicionados. Aumento das técnicas artesanais rústicas (tiedye e shibori) com corantes naturais, e detalhes manuais que ressurgem  como uma maneira comercial de canalizar essa tendência.

LEVEZA

Resposta ao isolamento e à ansiedade. Mensagens positivas; desejo de celebrar a vida ao ar livre, reencontrar o sol e a natureza; contrabalançar o estresse.

Foco em sazonalidade:Transformação modular, reaproveitamento de modelagens; pense em mapas de corte por grupos. Devido ao fator sazonalidade, recomenda-se a produção de lotes em menores quantidades

• Mood : cottagecore ou neorural(estética casa no campo), leveza, conforto, relax, simplicidade, sensualidade velada, 70’s, positividade, piquenique, detalhes delicados e bem femininos.

Destaque para:

 Vestidos: leves e fluidos, longos midi, ou curtos, floral ou com babados, xadrezes gigantes, vitaminado ou pastel, adornado com renda ou bordado inglês, deliciosamente retrô anos 70. O branco ressurge com força.

Saias: seguem as mesmas características dos vestidos.

Tops: direto dos anos 90, o top tubo top ou bustiê está de volta este ano e comenta-se ser uma das principais tendências do verão.

Detalhes: Mangas puff (bufantes), mangas sino, lastex, babados, crochê.

LIBERDADE

Resposta à restrição imposta  pelo isolamento e ao medo.Necessidade de se reapresentar ao mundo, de extravasar (ao vivo) toda a criatividade acumulada e desenvolvida durante a quarentena. Reação controversa pelo confronto de 2 mundos, antes e depois da pandemia.

Ressignifique: Upcycling de 1º uso, reaproveitamento de estoques mortos, de produtos, final de rolos de tecido ou mostruário/pilotagem; de-componha & re-componha: caos ou desconstrução e ordem ou recomposição; DIY, exclusividade, sustentabilidade. Pinte e borde, mas faça o bem.

Mood: interações ousadas e simplificadas, deadstock, design energizante, vintage com humor e cor (80’s), misturas caleidoscópicas, colagismo, misturas inesperadas, alegria e diversão, técnicas artesanais (bordados, rebordados, tiedye, shibori, estamparia à mão e etc.). A roupa é um meio de surpreender, transformar e reforçar singularidades.

Assista a live realizada no dia 10 de julho, em parceria com o designer Cleber Lima, do Departamento Regional SENAI/Pernambuco cilcando aqui.