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DESIGN PARA A CIRCULARIDADE

 

Fibra sintética ou natural? Algodão orgânico ou tradicional? Poliéster ou viscose? Como definir o material mais sustentável e a tecnologia mais limpa em cada projeto? O design para a circularidade exige diferentes perspectivas e abordagens não convencionais. Por exemplo, nem sempre o uso de fibras naturais representa a opção que vai causar menor impacto ao meio ambiente. Assim, para definir a melhor estratégia de design é fundamental considerar todo o ciclo de vida do produto.  

O Ciclo de Vida (CV) é o conjunto de todas as etapas necessárias para a manufatura de um produto na cadeia de produção, o que envolve desde a obtenção da matéria-prima, passando pelo design e produção, embalagem e distribuição, uso, manutenção, descarte, até os procedimentos fundamentais para uma possível reutilização. Em cada uma dessas fases é possível minimizar os impactos sociais e ambientais decorrentes de cada processo.

A Avaliação do Ciclo de Vida (ACV) é uma ferramenta de gerenciamento ambiental e deve está incorporada a todo o projeto, desde o início até a disposição final. Com base na ACV é possível definir estratégias para mitigar os potenciais impactos ambientais entre estágios do CV ou entre processos individuais, de forma preventiva. A abordagem da ACV apresenta de forma conjunta as vantagens ambientais, econômicas e competitivas, identificando todas as oportunidades para aumentar a circularidade do produto.

Imagem 1: Avalição do Ciclo de Vida

De acordo com o relatório Fios e Modas: Perspectiva Sistêmica para a Sustentabilidade, produzido pela Modefica (2020), no caso da moda, um estudo de ACV pode confirmar (ou não) se reciclar uma peça é realmente mais favorável ambientalmente. Isso porque, como descreve o estudo, dependendo do material, os gastos com insumos e energia envolvidos no processo de reciclagem podem tornar a circularidade mais impactante.

Imagem 2: Capa do Relatório Fios da Moda: Perspectiva Sistêmica Para Circularidade. Realização - Modefica, Regenarete Fashion, FGVces e Laundes Foundation.

Nesse sentido, a compreensão do impacto ambiental das fibras têxteis, da fabricação e do ciclo de vida das peças de vestuário vai auxiliar na definição da melhor estratégia em cada projeto. A decisão de incorporar a circularidade ao produto precisa estar atrelada a uma visão sistêmica, considerando que é muito mais efetivo e econômico prevenir os danos ao meio ambiente no estágio de design, do que tentar remediá-los depois.

Dentro desse contexto, o relatório Fios e Modas apresenta duas estratégias de design de produto circular: o design para a reciclagem e o design para a durabilidade. No design para a reciclagem os produtos são projetados para serem facilmente reciclados no fim da sua vida útil. Aqui o propósito é recuperar produtos ou recursos para reprocessá-los. Para que isso ocorra, três aspectos são preponderantes: o uso de monomateriais (um produto que é composto de um único tipo de material ou um produto cujos materiais são individualmente feitos de um único tipo de material), a desmontagem (quando as partes individuais podem ser separadas e recicladas em diferentes fluxos) e o uso de materiais recicláveis (materiais adequados para reciclagem).

Já o design para a durabilidade objetiva prolongar a vida útil de um produto utilizando materiais mais duráveis, de alta qualidade. Aqui, o objetivo deve ser possibilitar o reparo e a substituição de partes componentes, ou até mesmo, o compartilhamento. A durabilidade dos produtos de moda leva em consideração: a durabilidade do estilo (estética do design) e a durabilidade técnica (a qualidade da construção). 

De modo geral, o design do produto circular é desenvolvido visando a extensão da vida útil ao longo de vários ciclos de uso através de duas ações fundamentais: quanto às entradas (inputs) – preservando recursos –, e quanto as saídas (outputs) – prevenindo os danos. O design do produto vai limitar ou ampliar a flexibilidade na seleção dos inputs, aumentando ou diminuindo a resiliência e o fluxo da produção.

Para a implementação do pensamento sistêmico podemos pensar esse fluxo como uma espécie de “ecossistema de suprimentos” que vai envolver todos os atores que fazem parte do processo, incluindo os usuários de modo a assegurar a redução do desperdício e da geração de resíduos através da recirculação de produtos e materiais numa rede de fornecimento resiliente e responsiva, evitando o consumo de recursos virgens para a produção de novos itens. Nesse espaço, novas parcerias e colaborações podem ser estabelecidas a partir da criação contínua de valor e o relacionamento duradouro entre fornecedores, clientes e usuários.

 

Saiba mais sobre o Relatório Fios da Moda aqui.

Imagens: Modefica; Ksenia Chernaya no Pexels.


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