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Inteligência na extensão do ciclo de vida de produtos têxteis pós-consumo.

Por NuSEC (Raquel Gomes, Elisa Esteves e Victoria Santos)

O descarte inadequado de têxteis é um problema grave. A decomposição de tecidos libera poluentes que contribuem para o efeito estufa, causadores do aquecimento global e das mudanças climáticas, além de contaminar o solo e os lençóis freáticos. A gestão deste enorme volume de resíduos também exige investimentos públicos pelos quais todos pagam e é imprescindível que as empresas do setor têxtil observem com atenção essas questões ambientais.

Investir em iniciativas que estimulem a reciclagem, a doação e, principalmente, o consumo consciente são ações associadas ao conceito de sustentabilidade. As marcas devem respeitar as normas, legislações vigentes e leis trabalhistas e, também, a demanda do consumidor.

Na indústria da moda são encontrados desperdícios, e existem diversas iniciativas para reintroduzir esses produtos na cadeia produtiva como o uso de retalhos para a criação de peças ou coleções e até a reutilização na indústria de insumos como a água. Mas é no pós-consumo, como estender o tempo de vida útil dos produtos?

O descarte específico de produtos têxteis, pode ser realizado de maneira estratégica. O benefício dos retalhos, dentro de uma visão aberta para as possibilidades do design ajuda a fomentar uma abordagem diferenciada.

Um exemplo interessante é a Rede Asta, negócio social que transforma artesãs em empreendedoras e resíduos em produtos de valor agregado (REDE, 2018).

A Rede Asta apresenta um modelo de negócio multissetorial unindo colaboração, circularidade, inclusão social e de gênero, onde uma rede de 63 grupos de mulheres artesãs espalhadas por 10 estados do Brasil, transforma resíduos pós-industriais em arte, como ilustrado na figura 1.

 

Figura 1 – Almofada “fuxico”, produto oriundo de resíduo têxtil ressignificado pela rede de artesãs (Divulgação Asta).

Técnicas de upcycling permitiram desde a sua criação, a reutilização de cerca de 10 toneladas de resíduos corporativos na produção de brindes, presentes, acessórios e produtos de decoração (Notícias de Impacto, 2021). A operação por projetos, já produziu estojos para computador e bolsas, além de peças de mochilas e ecobags a partir de banners de marcas, capas de poltronas e uniformes (CNI, 2018).

Essa Rede também opera em uma plataforma virtual acessível às artesãs do Brasil, oferecendo treinamentos tanto de empreendedorismo como de reaproveitamento de materiais e instigando a atividade econômica positiva nas comunidades brasileiras de baixa renda, conforme observado na figura 2.  

 

Figura 2 – Tecnologia que conecta artesãs e costureiras brasileiras ao mundo digital (Divulgação Asta).

Dessa forma, fomenta a inclusão social ao oferecer novas oportunidades para trabalhadores que atuavam no mercado informal com pouca visibilidade e contribui para transformar artesãs em empreendedoras, com incremento médio de renda de 24%. Além disso, esses projetos possibilitam enxergar o valor dos materiais, usar a criatividade para transformá-los em novos produtos (mais de 80% dos produtos são feitos de material têxtil reaproveitado) e pregar relações econômicas justas e transparentes para toda a cadeia (CNI, 2018).

Na consciência de que a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) responsabiliza as empresas pelo pós-consumo de seus produtos, sejam fabricantes ou lojas, os consumidores também são responsáveis por descartar de forma sustentável os itens que adquiriram, como sapatos, roupas ou acessórios. Mas como proceder quando as peças chegam em seu último estágio de vida?

O quadro 1 compreende algumas empresas ligadas à área têxtil que têm programas de coleta de peças para reciclagem.

 

Quadro 1- Empresas que exercem programas de coleta de peças (Akatu 2018).

Vale ressaltar a importância da postura do consumidor consciente ao entrar em contato com o fabricante para saber se é possível devolver o produto usado para que seja reinserido na cadeia da forma correta (reuso ou reciclagem). É imprescindível que os consumidores sinalizem às empresas que tem essa preocupação e as influenciem a receber de volta esse material.

Neste sentido, são importantes as contribuições trazidas para a construção de alternativas que possibilitem a promoção do desenvolvimento econômico e reutilização adequada de resíduos têxteis, por meio de iniciativas conectadas a modelos de negócios mais justos e consumidores mais conscientes e responsáveis em relação ao meio ambiente.

O Núcleo de Sustentabilidade e Economia Circular (NuSEC) do SENAI CETIQT está aqui para apoiar a indústria têxtil e de confecção nessa transição para a sustentabilidade. Para maiores informações entre em contato com nusec@cetiqt.senai.br

Obtenha dicas de como avançar em direção à sustentabilidade e economia circular acessando a nossa Autoavalição de Maturidade Circular. 

 

Saiba mais sobre a Rede Asta aqui.

Saiba mais sobre a pesquisa realizada pela Confederação Nacional da Indústria - CNI na publicação: Economia Circular: OPORTUNIDADES E DESAFIOS PARA A INDÚSTRIA BRASILEIRA.

 

Imagem: cottonbro no Pexels.


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