Modelos de negócios concebidos a partir de uma visão crítica sobre as práticas socioambientais derivadas do sistema da moda, estão operando para transformar a relação consumo X meio ambiente, como o caso da plataforma de aluguel por assinaturas Bump Box.

Em encontro promovido pelo Projeto Moda Circular, realizado em parceria entre o SENAI CETIQT e a Laudes Foudation, as sócias fundadoras Juliana Franco e Cintia Cavalli, relatam na live Bump Box: Boas-vindas a um novo consumo, a experiência de um negócio inovador que nasceu no ano de 2017, momento em que o conceito de compartilhamento de roupas no mercado brasileiro ainda era pouco difundido.

Os primeiros insights para a construção do negócio se deram a partir de experiências pessoais, quando Juliana vivia a sua primeira gestação. As transformações temporárias do corpo e a necessidade de um guarda-roupa que acompanhasse essas mudanças por um determinado tempo, e que fosse condizente com a sua identidade e estilo pessoal, resultaram em questionamentos como: por que não alugar ao invés de comprar?

Parecia óbvio a necessidade de um negócio voltado para o aluguel de roupas para grávidas, justamente por se tratar de um uso restrito por tempo pré-determinado. A partir dessa percepção e da vontade de solucionar o problema de tantas mulheres grávidas, começou a história da Bump Box.

Entender o mercado foi o ponto de partida para as sócias empresárias. De acordo com Cintia, as pesquisas apontavam para expansão mercadológica do universo da maternidade, inclusive com perspectiva de crescimento, mas a indústria da moda não acompanhava essa tendência. Desconsiderando a noção de que a mulher durante o período de gestação continua consumindo conteúdos e produtos de moda por estar inserida no mercado de trabalho, e possuir vida social ativa, a indústria da moda não apresentava boas soluções para as necessidades e anseios dessa mulher, criando oportunidades para novos negócios que contemplassem o corpo diferente da gravidez.

Com intuito de reaproximar a moda das grávidas e das novas mães, a Bump Box, concomitantemente, surgiu como um negócio que também integra princípios da moda circular e da economia do acesso, apresentando uma solução de compartilhamento que simplifica os impactos do consumo exacerbado e ajusta alguns excessos da indústria da moda. O modelo de negócio da marca reúne curadoria de moda, conveniência, economia financeira, tecnologia e sustentabilidade em forma do serviço de aluguel por assinaturas, e funciona da seguinte forma:

1. Escolha de um box composto de 4 peças que combinam entre si;
2. Recebimento e uso das peças durante 30 dias;
3. Devolução das peças e recebimento de um novo box, à escolha do cliente.

Além das vantagens econômicas para o consumidor, o modelo da Bump Box ao otimizar o uso e diminuir a necessidade de produzir novas peças, revela outras economias em relação a recursos essenciais como:

• 24% de redução no uso de água;
• 6% de redução no consumo de energia;
• 3% de redução na emissão de carbono.

Para viabilizar a extensão da vida útil dos produtos, a marca empreende um desenvolvimento pensado para durabilidade a partir de uma moda atemporal com design de qualidade, sobre o aspecto material e modelagem dos produtos que atendem, inclusive, mulheres antes, durante e depois da gravidez.

O ciclo do produto no serviço de aluguel compreende uma “manutenção baseada no cuidado” como parte importante da etapa de higienização profissional das peças – realizada em parceria com a lavanderia Dry Clean com processo certificado, utilizando produtos hipoalergênicos, biodegradáveis, e economia de água em mais de 30% em relação à lavagem doméstica. Os “reparos sempre que possível” também fazem parte do ciclo do produto e são realizados em acordo com os principais fornecedores que desenvolvem os produtos junto com a marca. O “upcycling ou doação solidária” finalizam o ciclo da Bump Box, quando as peças são recriadas ou quando com pequenos defeitos, inviabilizam a entrega de qualidade para o aluguel, e por essa razão, são encaminhadas para doação solidária.

A jornada da Bump Box está sendo construída em colaboração com parceiros e fornecedores locais que participam ativamente dos testes e provas de modelagem durante a fase de desenvolvimento dos produtos, aliando questões práticas com a informação de moda – imprescindível para que os produtos se tornem desejáveis. Nas caixas disponíveis que rodam no aluguel é possível encontrar calças com faixa de malha que permitem o uso em todas as fases da gravidez; vestidos com amarrações estratégicas, elásticos que acompanham o crescimento da barriga sem perder a vestibilidade e sobre blusa que facilita a amamentação, entre outros exemplos. Porém, as sócias destacam o desafio de produzir as peças em menor escala, um obstáculo que foi contornado pela produção em períodos mais ociosos para a indústria.

A produção de conteúdo sobre o universo da maternidade também faz parte do modelo de negócio. Fruto de encontros presenciais realizados com clientes e parceiras, a marca elaborou um Guia Maternidade com conteúdo e temas pertinentes sobre a chegada desse momento e as suas transformações. Ao construir uma relação de proximidade com a cliente a partir do acompanhamento das suas necessidades em diferentes fases da maternidade, a marca estabelece uma relação de afeto e cumplicidade que vai além da questão comercial.

Ainda assim, a Bump Box traça planos para o futuro com possíveis caminhos para a sua expansão com: big data; universo infantil; ocasiões e situações especiais; soluções de guarda-roupa cápsula; soluções para o momento pré-gravidez; lifestyle; conteúdos para o nicho; internacionalização.

Ao inaugurar no mercado brasileiro um “novo” modelo de consumo a partir do aluguel por assinaturas em um nicho de mercado, a Bump Box estimula transformações sobre modos de consumir em uma perspectiva mais abrangente, contribuindo para a conscientização de consumidores e para nova cultura de consumo.

Assista a live na íntegra aqui.

 

Imagens: Anete Lusina no Pexels.