Responsive Image
Moda e cadeias produtivas regenerativas

 

No dia 26 de maio às 16h o SENAI CETIQT promoveu a live Moda e cadeias produtivas regenerativas, mediada pela consultora Angelica Coelho, onde foi apresentado o trabalho da Farfarm.

A Farfam propõe a agricultura regenerativa de fibras têxteis em um sistema de agrofloresta¹, um exemplo deste trabalho é o cultivo do algodão orgânico. Este modelo de agricultura favorece ações socioambientais na cadeia produtiva oportunizando a conexão entre empresas, organizações globais e comunidades agrícolas. O campo de atuação da Farfarm extrapola o setor da moda e atinge outros setores como o da alimentação. O projeto foi apresentado por Mariana Gatti uma das sócias da Farfarm. Mariana é fundadora da Conserva, uma rede de especialistas em estratégias de desenvolvimento sustentável e em 2019 foi palestrante no painel "The Science of Fashion for Susteninable Development", realizado na sede das Nações Unidas. 

A Farfarm nasceu em 2018 com uma equipe de apaixonados por agricultura que visualizam o potencial transformador do setor da moda com a missão de regenerar a natureza, promover o desenvolvimento social e contar histórias. O negócio promove a conexão entre designers, materiais e comunidades.

Mariana inicia a nossa conversa falando sobre o desequilíbrio ambiental causado por um sistema motivado pela novidade e consumo exagerado. Neste cenário as estratégias precisam ir além de preservação, atingindo a regeneração. Segundo ela sistemas regenerativos buscam reverter a degradação do planeta projetando sistemas, dirigidos pelo homem, que “coevoluem” com os processos naturais gerando benefícios e melhorando a vida no planeta. Algumas características da regeneração são: baseados em uma visão de mundo holística; visam a prosperidade de sistemas vivos inteiros; processos que restauram, renovam, ou revitalizam suas próprias fontes de energia e material e sistemas pensados a longo prazo.

Para Mariana, o setor da moda também colabora para esse desequilíbrio. Alguns dos pontos enumerados por ela são a grande utilização de fibras sintéticas e fontes de energia não renovável, além de um sistema desfavorável para a ponta da cadeia.

Sob esta ótica, a responsabilidade praticada pela Farfarm vai além da abrangência ambiental atingindo também a esfera social, capacitando agricultores familiares com a prática da agricultura regenerativa representada pela agrofloresta.

O projeto de agrofloresta começa com um planejamento onde é desenhado e previsto o que será plantado. O algodão orgânico, por exemplo, pode ser cultivado em combinação com árvores, como a castanheira, além de leguminosas, mandioca, milho e feijão. Essa diversidade de cultivos garantirá a regeneração dos solos e a eliminação do uso de substâncias tóxicas. O plantio do algodão vinculado ao plantio de alimentos garantirá a segurança alimentar do agricultor e desta forma a Farfarm vai trabalhando as questões sociais e ambientais simultaneamente.


 

Além do algodão orgânico a Farfarm tem buscado e pesquisado novos materiais têxteis.

Segundo a agenda GFA (2022) ² a administração dos recursos, incluindo a agricultura regenerativa entre outras práticas, é uma das principais pautas da agenda ambiental. A administração dos recursos promoverá a redução das emissões de gases do efeito estufa e fomentará ainda o uso de novos materiais, modelos de produção e tipos de negócios. Desta forma, a indústria da moda será beneficiada ainda com a diminuição da dependência dos recursos naturais finitos.

Em uma cadeia tão extensa e complexa como a da moda que perpassa diversos setores e atividades econômicas, para que a almejada transição para um sistema circular e regenerativo aconteça é fundamental a presença de princípios sustentáveis desde o início da cadeia. E é isso que o trabalho da Farfarm tem apresentado. A agricultura regenerativa do algodão orgânico revela a busca por modelos circulares de produção ainda no setor primário, colaborando na construção de uma moda mais circular. A moda circular apresenta-se como uma necessidade e uma estratégia empresarial que precisa ser incorporada pelo setor visando um futuro mais promissor para as empresas, colaboradores, trabalhadores e todo o planeta.

Este foi mais um dos cases que orienta possíveis caminhos para a construção de uma moda mais circular. Para assistir o conteúdo na íntegra, acesse aqui.

 

Imagens: Pixbay no Pexels; FARFARM

Saiba mais: 

¹ Agrofloresta é um sistema agrícola onde ocorre a combinação de diferentes cultivos. Caminhando em direção oposta à monocultura que é prejudicial ao solo devido ao uso de substâncias químicas, a agrofloresta promove a regeneração dos solos favorecendo o ecossistema. 

² GFA Monitor 2022. Global Fashion Agenda. Copenhague, 2022.


Compartilhar

ARTIGOS RELACIONADOS

assine nossa newsletter
E RECEBA NOSSOS MELHORES CONTEÚDOS!