Introdução do Conceito de Brechós no Brasil

 

O modelo dos brechós foi trazido para o Brasil no início do século XIX, inspirado pela ideia consolidada na Europa de “Mercado de Pulgas”, conhecido na época por seus produtos de procedência e qualidade duvidosas. Esse tipo de comércio chegou em terras brasileiras através do alfaiate português Belchior.

Por esses e outros motivos, os brechós atuais foram associados a iniciativas beneficentes, visto que o preço baixo e a suposta falta de diversificação do produto poderiam atender as necessidades de pessoas em vulnerabilidade social, mas não seriam bem quistos nos meios comerciais ou vistas pelo consumidor como objeto de desejo, dado sua associação de coisa velhas, usadas e sem valor. 

 

Mudança de Percepção e Apelo com o Público Jovem

 

Com as grandes mudanças do cenário global e a volta de tendências de temporadas passadas, os brechós começaram a ter um apelo relevante com o público jovem, que viu nesses locais uma oportunidade de economizar na aquisição de novos produtos. Hoje, esse modelo de negócio se tornou um competidor significativo no varejo de moda, sendo uma opção mais democrática e abrangente. 

 

 

Desafios da Indústria da Moda e Alternativas Sustentáveis

 

A busca por alternativas razoáveis para suprir as necessidades de consumo de uma população que viu seu poder de compra diminuindo vem sendo um desafio para indústria, visto o aumento desenfreado do consumo de Fast Fashion, um modelo que apesar de acessível, reforça problemas antigos da indústria; como a alta taxa de emissão de gases poluentes e a desvalorização do trabalho. 

É importante ressaltar que o aumento da demanda do mercado por produtos mais baratos impulsionou a ideias de comprar de segunda mão, fazendo com que crescesse o número de investidores e empreendedores voltados para esse modelo de negócios. Segundo o SEBRAE, compras em brechós possibilitam ao consumidor economia que vai até 80% em relação às lojas tradicionais, tornado o produto atrativo e demandado. 

 

 

Engajamento dos Millennials, da geração Z e o Imaginário de Autenticidade

 

Grandes responsáveis pelo fenômeno dos brechós, os millennials (nascidos entre 1980 e 1996) e a geração Z (pós-1997) comprometeram-se com essa ideia por conta de problemáticas sociais e questões ambientais, visto que, por natureza, essas gerações são mais engajadas e problematizadoras. Além de fatores de responsabilidade social, os brechós também instigam o imaginário de gerações com sede de autenticidade e exclusividade, elementos encontrados com facilidade das araras desses empreendimentos, já que na maioria dos momentos, as peças garimpadas são únicas. 

 

 

Conscientização sobre Consumismo e Sustentabilidade

 

Contudo, é importante que os fãs de brechó fiquem atentos ao consumismo que preços tão atrativos e o aval social podem causar, visto que, apesar de ser um modelo de sustentabilidade relevante, o consumo dos mesmos não resolve as questões envolvendo a indústria da moda e o meio-ambiente. Se o consumidor não fizer suas escolhas com responsabilidade e consciência, o ciclo vicioso do consumo e descarte não será quebrado, diminuindo as possibilidades de impacto positivo desse tipo de negócio.

Mesmo com as variáveis que o comportamento do consumidor apresenta, os brechós são ótimas apostas para empreendedores, seja na venda virtual ou online, esse modelo reforça um novo pensamento e um novo consumidor. 

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