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10 ago, 2023 Moda Circular moda crise climática cop26
O COMPROMISSO DA MODA NA COP26

A Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas de 2021 – a COP26 – começou na semana passada. Lamentavelmente, os compromissos assumidos outrora, ficaram muito abaixo da meta. Convém acentuar que mesmo que os objetivos firmados no Acordo de Paris fossem cumpridos, o aumento da temperatura previsto para 2050 estaria muito acima do desejável, cerca de 2,5°C. O Brasil está entre os 130 países que formam a coalizão global para zerar as emissões líquidas, entretanto, as ações para alcançar esse propósito ainda não saíram do papel. De acordo com as Nações Unidas, o país ocupa a 7ª posição entre os dez maiores emissores de gases de efeito estufa.

Há muitos anos as atividades humanas têm sido responsáveis pelas mudanças climáticas. Muitas soluções têm sido desenvolvidas para reverter, ou melhor, para mitigar os impactos negativos ao meio ambiente, mas considerando o tamanho do problema, ainda é necessário percorrer um longo caminho. Àqueles que ainda não saíram da linha de largada em direção ao ponto “zero”, precisarão aligeirar seus passos, pois as ações concretas realizadas hoje vão determinar a capacidade de engendrar um processo de transição para um futuro sustentável.

 

A Carta da Indústria da Moda sobre a Ação Climática, elaborada em 2018, na COP24, reconhecia que a moda, como um grande player global, precisava ter um papel ativo na tarefa de contribuir com esforços para limitar o aumento da temperatura do planeta a 1,5°C.  A redução das emissões, a adaptação aos impactos climáticos e o financiamento de negociações e acordos comerciais, estavam entre as três grandes categorias de ação.

O conteúdo da carta ratificava a necessidade de pensar em soluções e novos modelos de negócio para cumprir com uma agenda mais ampla do desenvolvimento sustentável, se responsabilizando em adotar uma mudança profunda e sistêmica e escalar soluções de baixo carbono. A partir da premissa de que a maior parte do impacto climático na indústria está, mas não somente, na etapa de fabricação de produtos e materiais, repensar os processos e projetar todo o ciclo de vida do produto, sobretudo, o fim de vida, tornou-se elementar. Disso decorre a responsabilidade de todos os stakeholders da indústria da moda.

Ainda de acordo com o documento, todas as empresas, dentro da cadeia de valor global da moda, varejo e têxtil, independente de tamanho e localização, têm oportunidades de realizar ações que resultarão em uma redução mensurável nas emissões de gases de efeito estufa (GEE), entendendo que, responder às mudanças climáticas requer ações de mitigação e adaptação. A Carta da Indústria da Moda sobre a Ação Climática, demonstrou o comprometimento do setor em desenvolver metodologias para enfrentar a magnitude do desafio de forma colaborativa, envolvendo stakeholders, especialistas e iniciativas que vinculam melhores práticas de produção.

As cartas são importantes porque criam significado e conexão, e também ajudam a entender questões urgentes em tempos extraordinários. Às vésperas da COP26, a estilista e ativista Viviane Westwood compartilhou à sua “Carta para a Terra” – campanha que reúne mensagens de pessoas ao redor do mundo em resposta à crise planetária – na qual faz um pedido por uma economia baseada na terra, e em colaboração com a natureza.

A moda está em uma fase significativa de transformação sustentável. É hora de criar um novo futuro permitindo que a natureza se regenere. É a chance de a indústria da moda deixar sua imagem de vilã e assumir o compromisso de contribuir com uma mudança cultural. Esta é uma janela de oportunidade para repensar os modelos de negócio, os modos de produção, a articulação dos atores que compõe a cadeia de abastecimento, as relações de trabalhos, enfim, pensar e agir sob a lógica da Terra. O tempo está se esgotando, o mundo precisa da sua ação agora. Ainda não é tarde demais.

 

Imagens: Ron Lach no Pexels


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