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O TRABALHO DO FUTURO OU O FUTURO DO TRABALHO?

No futuro próximo, muitas funções que existem hoje irão desaparecer e serão substituídas por outras que nem mesmo estão definidas. Essas transformações serão decorrentes, mas não somente, das mudanças nos padrões de produção e consumo, inevitáveis diante da emergência da crise climática. Aspectos relacionados a localização, distribuição demográfica, mudanças nas leis de trabalho, envelhecimento populacional e avanços em tecnologias digitais, do mesmo modo, vão contribuir para moldar os novos postos de trabalho. O porvir das ocupações profissionais vai demandar o desenvolvimento de novas habilidades, novos modelos fabris, novas relações entre os stakeholders e, até mesmo, no próprio conceito de produto, que, a cada dia mais, tem assumido características de serviço. Toda essa dinâmica está relacionada ao desenvolvimento de novos modelos de produção.

 

Imagem 1 - Integração dos stakeholders.

A hibridização da manufatura e dos serviços é uma tendência que favorece a captação de novas oportunidades. Nesse contexto, a ideia é que uma atividade impulsione a outra, de forma cíclica, o que também inclui a participação do usuário. A ênfase deve voltar-se para políticas de produção que envolvam todos os atores das cadeias de valor. Neste novo mundo que se anuncia, para expandir o conhecimento produtivo, será preciso ampliar o conjunto de atividades que cada ator envolvido seja capaz de realizar, com o ponto focal no conhecimento compartilhado para formar estruturas mais coesas e integradas estrategicamente. As micro e pequenas empresas podem se transformar em mini instalações fabris automatizadas, conceitualmente discutidas.

É fundamental gerar protagonismos a partir de novas modalidades de negócio, entender as vocações e as especificidades. Mesmo com as novas tecnologias, as micro, pequenas e médias empresas são consideradas essenciais para revigorar o setor industrial. A difusão das minifábricas, intensivas em tecnologia sustentável, em substituição a estruturas heterogênea das microempresas tradicionais, poderão dispor muitos empregos. Todas essas mudanças estruturais preparam o caminho para a “fábrica do futuro” e abrem portas para sistemas de produção têxtil e de confecção na indústria 4.0. As tecnologias associadas aos processos poderão trazer benefícios com relação a aspectos sociais, quando, por exemplo, elimina trabalhos de esforço repetitivo, e, a aspectos ambientais, quando otimiza o consumo de água e energia e, assim, limita a emissão de poluentes, ou ainda, com a possibilidade de rastrear produtos manufaturados para reduzir as graves consequências do acúmulo de resíduos no meio ambiente.

O modelo da cadeia de fornecimento da indústria da moda é altamente fragmentado e um dos principais desafios tem sido buscar soluções para concentrar a produção nas instalações da própria confecção com o propósito de aumentar a velocidade de resposta e reduzir custos. De acordo com Bruno (2017), a automação completa da confecção, o desenvolvimento de minifábricas integradas ao consumidor e que empregam tecnologias e sistemas de virtualização das cadeias de valor, permitem que novos e pequenos empreendedores ofereçam produtos customizados utilizando matéria-prima e mão de obra locais.

 

Imagem 2 - Colaboração entre os atores da cadeia de produção 

A economia circular é um sistema que inspira novas possibilidades de trabalho. Com base nos fundamentos reparar reutilizar e reciclar o modelo é uma alternativa para construir cadeias de suprimentos sustentáveis e interconectadas. De acordo com a International Labour Organization, a economia circular pode gerar cerca de 6 milhões de novos empregos, incluindo a área de reciclagem de resíduos. Mesmo desconhecendo este conceito, segundo uma pesquisa da Confederação Nacional das Indústrias - CNI, 76,4% das indústrias brasileiras adotam alguma prática de economia circular, mas 70% delas nunca ouviram falar sobre o tema.

A ideologia da economia circular é construir pontes. O recurso que não serve mais para um, vira matéria-prima para outros. Todo mundo ganha. O importante é pensar em possibilidades para ampliar os negócios, com foco no reuso, na remanufatura e na reciclagem. Para isso, o primeiro passo é entender, mapear e depois identificar as oportunidades para traçar um caminho estratégico. O novo propósito para o desenvolvimento é a criação de valor compartilhado.

O futuro do trabalho estará relacionado às oportunidades de negócios alavancadas pela economia circular através de novos nichos e segmentos. O planejamento coletivo vai resultar em relações mais equilibradas e com mais oportunidades sob uma outra perspectiva do conceito de trabalho. A Economia Circular poderá oferecer o apoio necessário à reconstrução da estrutura social e do trabalho e gerar emprego para muitos.

 

Referências:

BRUNO, F. A quarta revolução industrial do setor têxtil e de confecção: a visão de futuro para 2030. 2ed. São Paulo: Estação das Letras e Cores, 2017.

 

Imagens: Johannes Plenio no Pexel; fauxels no Pexels; Clay Banks no Unsplash.

 


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