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10 ago, 2023 Moda / Design moda arte
POR TRÁS DA TENDÊNCIA: MAGIA ANCESTRAL

COMPORTAMENTO

Como bem fraseou o curador Andrew Bolton, “a moda está indelevelmente conectada ao tempo. Ela não apenas reflete e representa o espírito dos tempos, mas também muda e se desenvolve, servindo como um relógio sensível e preciso. ”

Nos últimos anos, o tempo dominou as discussões na comunidade da moda. Dois fatos coincidentes e intrigantes, aconteceram nos últimos meses e chamaram atenção para a transitoriedade sempre presente nas discussões das comunidades da moda.

  • A icônica (e adiada) exposição anual do The Costume Institute e o baile que acontece por ocasião do lançamento da mesma, o famoso MET Gala (Metropolitan Museum of Art, New York), anunciou que o tema para 2020, em comemoração ao seu 150º aniversário, será “About Time: Fashion an Duration”. A exposição apresentará a evolução da moda, de 1870 até o presente, através de uma linha do tempo conectora e disruptiva, que funde noções do passado, presente e futuro.
  • Os desfiles do planeta este ano apresentaram nas passarelas as coleções outono Inverno 2020; no Brasil, 2021), sendo que, uma boa parte das grandes marcas optou por reverenciar um passado extravagante, com base em inspirações barrocas e renascentistas, percorrendo desde o século XV até a década de 1950. Embora polarizadas, a maioria das marcas expressaram através de suas apresentações sinais de um movimento maior e um desejo de encontrar significado na incerteza e na angústia. “Não podemos conduzir os negócios sem pensar no aspecto da alma e como isso afeta os seres humanos e o planeta. ” Julie Gilhart , diretora de desenvolvimento da Tomorrow, plataforma de marcas

Estes diálogos se concentraram na produção, circulação e consumo acelerados, no mundo digitalmente sincronizado do século XXI. A moda em si costuma valorizar a história sob um viés nostálgico, em busca de resgatar uma noção de sabedoria ancestral. O novo milênio tem sido descrito como um momento regido pelo medo, pela incerteza e por dúvidas. Ao passo em que muitos jovens passam a sentir-se cansados ​​da natureza homogeneizada das mídias sociais, eles estão cada vez mais se voltando para as artes tradicionais para encontrar alívio. Ao mesmo tempo, essa obsessão explosiva por uma moda ancestral nas passarelas parecia denotar um cansaço coletivo do futuro e nesse caso, um dos antídotos tornou-se a recorrer a um pouco de fantasia, simbologia e misticismo. Mas o que ninguém imaginava é que estávamos a um passo da maior ruptura jamais vista, que nos obrigaria a entrar num período de hibernação compulsória e a repensar todo o sistema. Num mundo orientado por dados e alertas científicos, o fato é que, em ambos os casos, o histórico global foi recuperado com uma nova inclinação, um neo renascimento. Teria sido essa paixão pelo ancestral, uma premonição para um novo zeitgeist captado pelo inconsciente coletivo?


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