Resíduos Têxteis, Descarte e Reaproveitamento
A responsabilidade pelo gerenciamento de resíduos é dividida entre o poder público e o privado, ou seja, o Estado e cada setor da cadeia produtiva firmam um acordo de responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida do produto.
Visando reduzir o impacto dos resíduos sólidos no meio ambiente, o governo brasileiro aplica uma lei federal válida em todo território nacional, chamada de Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), que determina legalmente diretrizes nacionais sobre o gerenciamento ambiental.
Com isso, o Governo Federal determina uma ordem de prioridade para a gestão desse resíduo: a não geração, a redução, a reutilização, a reciclagem, e o tratamento dos resíduos sólidos e a destinação final ambientalmente adequada. Na prática, todo resíduo, domiciliar ou industrial, deve ser processado adequadamente antes do descarte final.
Nesse contexto, os principais responsáveis pelo descarte e tratamento dos resíduos são as empresas, que devem, através da sua gestão interna, criar estratégias para minimizar seus impactos ambientais.
Ainda assim, para estar de acordo com a lei e as diretrizes de responsabilidade ambiental, as empresas não devem limitar suas ações apenas a gestão interna de resíduos. É importante, também, estimular a consciência ambiental por parte do consumidor final, que tende a ter acesso limitado às noções de responsabilidade e gestão ambiental.
Essa dinâmica, mesclando clientes e empresas, é efetiva com resíduos de pós-consumo. Já os resíduos de pré-consumo, têm uma relação direta entre as indústrias primárias, que geram os insumos e/ou produtos para outras empresas comercializarem e/ou fabricarem.
Nesse contexto, o ponto central do debate são os resíduos produzidos pelas indústrias têxteis e do vestuário, setor que, por um lado, é um dos principais geradores de emprego no Brasil, e por outro, um dos maiores poluidores ambientais do mundo.
Mas quais são as diferenças de cada tipo de resíduo têxtil?
Resíduo de Pré-Consumo: Esse tipo de resíduo é a matéria-prima excedente da confecção de um produto têxtil. Esse material é, na maioria dos casos, gerado por têxteis manipulados nas etapas de corte e costura.
Resíduo de Pós-Consumo: Os agentes que produzem esse tipo de resíduo são as empresas e os consumidores. Normalmente são gerados após o processo de compra dos produtos comercializados. Vindo do consumidor, esse tipo de descarte está atrelado a motivos diversos, podendo ser relacionado a problemas no Controle de Qualidade das empresas.
Com isso, é possível compreender o descarte incorreto de resíduos têxteis como um dos principais geradores de danos ambientais do setor, mas quais soluções são viáveis para mitigar o problema a nível industrial e domiciliar?
Reciclagem – Na indústria, é possível transformar o material final, seja tecido não manipulado ou produto do vestuário, em fio têxtil por meio da desfibrilação, tornando o material reaproveitável como matéria-prima. Tratando-se do consumidor, costuma-se recorrer a técnicas de reaproveitamento da peça, como o upcycling, que reutiliza o material na confecção de outro produto.
Descarte ecológico de tecidos – Nesse caso, é comum que as empresas recorram a terceirizadas especializadas na retirada e tratamento apropriados de resíduos têxteis. No caso do consumidor, é comum procurarem a própria empresa ou locais especializados no tratamento de resíduos.
Doação - A doação de peças, tecidos e sobras pode ser uma prática tanto a nível industrial como a nível domiciliar. Nesse caso, a matéria-prima pode ser utilizada para artesanatos, enquanto peças descartadas pelo consumidor podem ir para bazares e brechós.
Logística Reversa – Nesse caso, as empresas se responsabilizam pelos seus produtos mesmo após a venda. Para essa diretriz ser efetiva, as empresas estabelecem pontos de coleta, se responsabilizando pelos resíduos e buscando fins eficazes.
Tecnologia na Confecção – A implementação de sistemas autônomos possibilita a boa gestão dos recursos na confecção do vestuário.
Estar em conformidade com as leis ambientais favorece a fundação de valores éticos e morais das empresas perante a sociedade e ao mercado, otimizando os recursos e gastos, além de contribuir para a consciência ambiental coletiva e individual.