Durante o verão europeu, assistimos ao surgimento da chamada onda 'cottagecore', quando os feeds do Instagram foram inundados com fotos de mulheres em vestidos esvoaçantes, brincando nos campos e plantando suas próprias hortas.

Mas à medida que os meses passam e as noites escuras do inverno se aproximam rapidamente no hemisfério norte, nasce um desejo por uma estética sobrenatural muito mais sombria, mística e mágica , enraizada num desejo de ser menos racional em meio a um ano difícil em curso, além de buscar alternativas que possam nos livrar de energias negativas.

Nas últimas semanas, talvez pela proximidade do Dia das Bruxas 2020 ou pelo lançamento do remake do filme ”A Convenção da Bruxas”, o estilo #witchcore, um termo cunhado pelos tiktokers e que arrasta milhões de “bruxinhas contemporâneas”, tem ganhado um enorme destaque nas mídias. Usado para descrever uma estética e um estilo de vida que se baseia em aspectos esotéricos, místicos e no glamour romântico e retrô do estilo gótico, o movimento se estende por gêneros musicais, decoração de interiores e rituais que muitas vezes estão enraizados no autocuidado.

Convenção das Bruxas 2020

Embora estigmatizadas e (ainda) por muitas vezes incompreendidas as bruxas, diferentemente das histórias e lendas, foram na realidade  as primeiras mulheres cientistas, empoderadas, sensitivas e à frente de seu tempo, pois tinham grande habilidade em compreender e lidar com ervas e os poderes da natureza para aliviar as dores do corpo e da alma, assim como vemos hoje na tão disseminada medicina Ayurveda. Num passado distante, por serem "diferentes" e causarem medo, eram correlacionadas ao mal, sendo essas as razões pelas quais foram cruelmente julgadas e queimadas em fogueiras.

Ainda que o termo witchcore possa não soar familiar, você provavelmente já viu sua influência. Está nos vestidos de estética perturbadora e sombria, confeccionados em renda preta (em sua maioria) com babados com mangas de sino vendidos em todos os lugares, e que recentemente conquistou o varejo de massa a partir do lançamento da coleção cápsula colaborativa entre a marca queridinha dos tapetes vermelhos -The Vampire's Wife (A esposa do Vampiro) da designer Susan Cave - e a fast fashion H&M. A linha Vampire's Wife x H&M captura a estética perfeitamente e provou ser um sucesso entre os compradores desesperados para colocar as mãos na marca cult por um preço muito mais razoável fazendo com que os produtos se esgotassem em menos de 24 horas e comprovando a procura por uma sensação de glamour dark e místico numa faixa de público mais ampla.

                Coleção The Vampire’s Wife colaboração H&M                                                         Gargantilha Mary Benson

Segundo o ditado popular, mesmo que muitos não acreditemos em " bruxas”, elas existem sim e também fazem parte do nosso imaginário de fantasia estando presentes desde o nosso folclore (como a Cuca e Matinta Perera) até os grandes sucessos do cinema e dos livros como Harry Potter, Crepúsculo e Senhor dos Anéis.  

Seja de Alexander McQueen (2007) à H&M (20020), a moda sempre abriu espaço para reverenciar seu lado místico e de magia com um toque extra de glamour, exercendo sua capacidade de nos transportar para mundos desconhecidos repletos de simbolismos.