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10 ago, 2023 Moda / Design moda planejamento de coleções
INFLUÊNCIAS DE NOVAS ATITUDES DOS CONSUMIDORES NAS COLEÇÕES 20/21

 

  Enquanto o mundo luta para conquistar uma nova realidade, surgem novos padrões e novos movimentos que acabam se tornando tendências e influenciando nossos estilos de viver, morar, comer, vestir etc. Tais mudanças, em consequência, impactam as formas de criar, produzir e comunicar os produtos e serviços. Até aqui, nenhuma novidade, porque a roda dos negócios sempre girou assim.

  A diferença agora é que 2020 potencializou valores e sentimentos que antes seguiam seu curso natural e que, com a pandemia e as perspectivas para a economia global, acabaram por intensificar a pressão sobre o desempenho das empresas, exigindo a adoção de uma receita de respostas rápidas e precisas aceleradas nas formas de planejar, produzir e comunicar produtos e serviços de moda. Na verdade, essa parece ser a “vacina” que as empresas devem “tomar” para aproveitarem, intensamente, a retomada que se anuncia.

  No campo da moda/estilo/produto, o que temos observado no lançamento de coleções e confirmação do varejo ao longo de 2020 é uma evolução e intensificação de padrões que já eram conhecidos, mas que evoluíram rapidamente para aspectos mais profundos e pragmáticos. São aspectos como as preocupações com a justiça social, com o planeta e com as pessoas, e até mesmo a questões relacionadas a um otimismo radical na busca por encontrar frisos de esperança, afinal, a criatividade e humor também são inerentes à moda.

  Esta análise considera os sentimentos que tem feito parte da nossa rotina pandêmica - medo, insegurança, ansiedade, esperança, otimismo, inconformismo, entre outros - como também fatores como a influência de uma recessão, da interrupção de fornecimento da cadeia e de um prognóstico de baixo crescimento para facilitar a compreensão dos desdobramentos estéticos nas coleções, presentes no sortimento de produtos e na postura das marcas ao longo das 3 últimas temporadas de lançamentos na Europa e Estados Unidos, que vem desde março e continua até o momento.

Tempos de transição

Entre tantas outras agências de pesquisa, a plataforma @trendstop reitera que, devido ao bloqueio e da mudança de perspectivas de equilíbrio entre trabalho e estilo de vida, os produtos estão se adaptando ao momento. O vestuário profissional tradicional perde espaço para o “business casual”, e detalhes adicionais, como bolsos embutidos para álcool em gel para as mãos, também estão em alta para aqueles que retornam aos escritórios, assim como os “trabalhadores do Zoom” buscarão maior conforto e versatilidade; privilegiando a vida doméstica, os produtos esportivos ganham uma nova roupagem, bem mais casual.

  O bem-estar mental, físico e espiritual se tornará crucial para o segmento moda. O critério "sazonalidade" também é relevante aqui. Mais empresas optarão por reduções mensais do sortimento de produtos, como fizeram algumas marcas, em vez de descartar toda a sua linha sazonal de uma vez. Isso possibilita coleções mais selecionadas.

  Considerando tais impactos, podemos nos perguntar: quais são os processos criteriosos por trás de tudo isso?

 

  1. Busca pelo conforto e por uma vida mais leve, refúgio na natureza, flexibilização do trabalho, conforto como propriedade essencial; devido ao grande movimento de conscientização, materiais e iniciativas sustentáveis passam a ser propriedades naturais dos produtos.

Proposta para o mix de produtos:

  • Peças versáteis que possam ser usadas em mais de uma estação (estilo em camadas); design modular;
  • Estilos que são elegantes o suficiente para a festa, mas também podem ser facilmente despojados com jeans, calças simples etc.;
  • A essência do estilo cottagecore ainda permanece até Verão 21/22;
  • Enfatize o termo “essenciais” ao lado de peças versáteis para atrair os clientes a uma compra prática.

 

    2. Otimismo e alegria são os traços que evidenciam este grupo. As consequências de uma pausa para              reflexão, devido ao isolamento e distanciamento social se estende aos produtos, favorecendo a                        criatividade   e a experimentação do tipo “faça você mesmo”.

       Proposta para o mix de produtos:

    • Quanto menor o número de operações/acabamentos terceirizados, melhor. Invista em bons tecidos e boa modelagem;
    • A impressão, a cor e as misturas serão os principais diferenciais e impulsionadores da novidade;
    • Para edições especiais ou peças únicas, invista em pequenos volumes de estampas exclusivas ou brilhos revigorantes, mas garanta que eles sejam versáteis e comerciais;
    • Use palavras como “elevado” e “chique” para descrever as coleções, reconhecendo uma estética mais inteligente enquanto exibe a multifuncionalidade.

    3. Ao invés de sonhos e fantasias, a realidade. A busca pela liberdade explode na ascensão de grupos             defensores da justiça social, questões climáticas, diversidade, inclusão, antirracismo e disrupção digital. As     barreiras entre os opostos usuais, como homem e animal, bom e mau, adulto e criança, mulher e homem,        são expressas em coleções que retratam diferentes contraculturas e uma total autenticidade.

    Proposta para o mix de produtos:

  • Nem todo mundo se encaixa em tipos demográficos, de comportamento e de beleza tradicionais;
  • Para ficar por dentro das mudanças de comportamento, aproxime-se de seu público adotando uma estratégia de criação aberta, mais participativa e colaborativa;
  • Utilize itens-materiais, processos e tecnologias - para minimizar seu impacto ambiental;
  • Pense no upcycling como princípio para criação de peças exclusivas; divulgue tutoriais ou ferramentas práticas de customização de produtos;
  • Associada à uma estética de sobrevivência de uma distopia pós-pandêmica, esse grupo alimenta um estilo versátil em roupas masculinas e femininas e tendências de streetwear e utilitários do futuro.

Estas são algumas dicas, entre tantas outras, que podem fazer a diferença na hora de planejar suas coleções daqui para a frente. O importante é lembrar que nem tudo se resume ao produto. Em tempos turbulentos como estes, as empresas precisam utilizar todos os seus recursos e serem criativas, com foco na personalidade e na história para se conectar com os consumidores, além de exigir que as marcas repensem toda a sua estratégia, da comunicação à distribuição. 

Fontes:

  • WGSN
  • Edited
  • MacKinsey
  • Trendstop

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