Moda circular: esse é o futuro da moda
O Projeto Moda Circular, uma parceria entre o SENAI CETIQT e a Laudes Foundation, promoveu a live Moda Circular: esse é o futuro da moda, mediada pela consultora Michelle Souza, onde foi apresentado o trabalho da Ecomarioteca.
Para a conversa, recebemos a idealizadora e CEO Gabriela Schott, mestre em gestão social, educação e desenvolvimento local e graduada em desenho de moda pela faculdade Santa Marcelina (FASM). Com mais de vinte anos atuação na indústria de confecção de vestuário e também autora do Manual para implementação da gestão socioambiental dos resíduos sólidos têxteis nas indústrias de vestuário. Contamos também com a presença da diretora executiva Denise Frade, designer de moda pela Una BH, que já ministrou e participou de várias oficinas e eventos sobre moda circular. Durante o evento, as participantes à frente da Ecomarioteca apresentaram como funciona e a importância do negócio que assume um papel estratégico para o setor promovendo a ligação entre diversos elos da cadeia têxtil e do vestuário, fomentando conhecimento sobre novos modelos mais sustentáveis de produção.
Com o propósito de democratizar o conhecimento de materiais sustentáveis para a indústria da moda, a empresa disponibiliza um acervo itinerante realizado a partir de pesquisa e catalogação de materiais têxteis e não têxteis produzidos no Brasil, promovendo e incentivando a sustentabilidade no setor da moda.
A Ecomarioteca foi lançada em 2016 no museu da moda em Belo Horizonte a partir das perguntas: qual o seu papel para o futuro da moda? Existem soluções possíveis através da pesquisa e inovação na sustentabilidade? O negócio surgiu quando Gabriela percebeu o desejo dos designers em criar projetos a partir de materiais mais sustentáveis, mas que, na maioria das vezes, esses designers não conheciam e aos quais não tinham acesso.
Segundo Gabriela e Denise o projeto começou em uma parceria acadêmica com a Una, universidade de Belo Horizonte. Os alunos dos cursos de design de moda e design de interiores formaram um coletivo. Como um laboratório experimental de desenvolvimento de produto, a partir de matérias-primas dos fornecedores parceiros da Ecomarioteca, como tecido de garrafa pet, algodão orgânico, entre outros. Resultando na apresentação de um desfile com posterior exposição das criações no museu da moda em Belo Horizonte.
O acervo da Ecomarioteca dispõe de mais de 800 amostras de materiais entre tecidos, fios, embalagens, aviamentos, etiquetas e telas, fornecidos por mais de 50 indústrias nacionais parceiras. A catalogação e classificação dos materiais são feitas pela curadoria da empresa. Essas definições e classificações estão sempre sendo repensadas e reformuladas.
Hoje os materiais estão separados em cinco grupos: biodegradável, ecológico, orgânico, sustentável e biotêxtil. A classificação biotêxtil foi proposta há pouco tempo pela Ecomarioteca, por isso ainda está em processo de estudo e análise. O conceito de Biotêxtil ainda é muito novo e foi definido por elas como: “material para uso têxtil produzido a partir de células vivas ou microrganismos como colônias de bactérias, fungos, etc.”. Para essa classificação a empresa apresentou um exemplar catalogado que é denominado ponto biodesign. Gabriela e Denise ressaltam que essa constante mudança e adaptação em relação às classificações são consequência da demanda dos clientes e das inovações lançadas pela indústria como, por exemplo, o grande interesse atualmente dos clientes pela fibra de cânhamo.
Além de democratizar a catalogação desses materiais a Ecomarioteca faz serviços de consultoria, mentoria, curadoria têxtil, oferece oficinas, cursos, palestras e promove a venda de kits para pilotagem, uma abordagem que oportuniza a experimentação de novas matérias-primas. Seus principais consumidores são novas marcas ou marcas que estão querendo fazer uma transição ou experimentar novos materiais, fazem também curadoria têxtil para alunos de design de moda.
Norteada pelos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) ¹, a empresa trabalha alinhada ao décimo segundo objetivo de desenvolvimento sustentável: consumo e produção responsáveis, colaborando para a transição para um modelo mais circular de produção e consumo. Segundo elas processos produtivos eficientes e limpos e modelos de gestão inovadores são capazes de atender a demanda do mercado de maneira competitiva, responsável e sustentável e os resultados virão a longo prazo trazendo benefícios para toda a sociedade e o planeta.
Este foi um dos cases que orienta possíveis caminhos para a construção de uma moda nacional mais circular apresentado na live promovida pelo SENAI CETIQT. Você poderá assistir aqui.
Imagens: Teona Swift no Pexels;
Saiba mais:
¹ Agenda proposta pelas Organizações das Nações Unidas (ONU) em 2015, para orientar ações de governos, empresas, indivíduos e organizações sociais, com metas sustentáveis até 2030.