Diante das duras e atuais circunstâncias estamos sendo obrigados a refletir e repensar sobre como é viver na contemporaneidade. O Covid-19 nos convida a repensar tudo: economia, indústria, nossas relações pessoais, de trabalho e conosco mesmos. Li Edelkoort , renomada pesquisadora de tendências, em carta postada no Instagram de sua publicação Bloom , nos traz algumas destas reflexões de como nós, parte dessa cadeia têxtil, precisamos em nível de urgência fazer uma nova pratica de mercado e trabalho. Afinal tudo são relações e impactam a todos sistemicamente. Leia a tradução na íntegra desta carta abaixo.

"Caros amigos e clientes,

Muitos de vocês estão me contactando para entender minha situação com o coronavírus. Como todos vocês, estou desconcertada com a tenacidade do vírus e com o custo que ele terá sobre a vida e o sofrimento humano. Sendo maior de idade, sou uma das muitas no grupo-alvo principal e, portanto, estou sendo extremamente cuidadosa com o exílio e a quarentena. Peço que você faça o mesmo, em qualquer idade, para sua própria saúde e a vida de outras pessoas.

Agora, a maioria de nós está trabalhando em casa em um ritmo muito mais lento, tentando encontrar maneiras de progredir em nossas mentes e começando a pensar em projetar uma nova coleção, criar outra forma de produção e repensar o varejo se nossas lojas permanecerem fechadas. É uma tarefa assustadora. E não estamos preparados para esse tipo de gerenciamento de crises. No entanto, somos treinados para ser criativo, improvisar e repensar. E repensar é o que teremos que fazer. Repensando todos os aspectos de nossa profissão, desde as fibras que escolhemos, os tecidos que projetamos, as roupas que consideramos relevantes, as novas maneiras de chegar aos clientes.

De certa forma, essa será uma oportunidade única para corrigir nosso histórico de doenças e redefinir a maneira como queremos viver e trabalhar no futuro. Tudo será uma questão de tempo. Precisamos diminuir a velocidade de todos os aspectos do trabalho e da produção, a fim de produzir menos, melhor e com maior responsabilidade. A desaceleração criará um novo mundo.

Se levou menos de três meses para parar de limpar o céu sobre a China e limpar as águas de Veneza, precisamos tomar nota e aprender. E começar novamente em um ritmo alternativo, mais decente e sustentável. Viajar menos, produzir menos, poluir menos.

Primeiro de tudo, temos a oportunidade final de mudar a maneira como consideramos as estações do ano. Podemos parar de enviar peças em maio e roupas de banho em novembro, podemos ter casacos de preços completos quando a neve finalmente cair e podemos ter cores de verão no inverno, pois o clima realmente mudou. Podemos parar o sistema debilitante de muitas roupas e podemos nos concentrar em outras maneiras de construir um guarda-roupa fluido. Podemos entregar algumas peças básicas bonitas para cuidar de nossos clientes e abraçá-las com tecidos táteis, e podemos criar algumas peças para se destacar a personalidade; não precisa mais ser uma coleção inteira. Mesmo apenas um novo par de meias pode fazer o diferencial. E um simples par de brincos também pode fazer os humanos felizes.

Deveríamos ouvir as reais necessidades das pessoas nesta crise, pois ela definirá como seremos depois que o vírus for conquistado. Não voltaremos aos negócios como de costume e não conseguiremos captar os tópicos como se nada tivesse acontecido. Todas as mentalidades mudarão para melhor. O dinheiro se tornará uma mercadoria rara.

Minha palavra-chave mais recente é inovação.

Está escrito em minha nova previsão sobre o Futuro do Luxo, que é uma ferramenta radical para redesenhar o futuro de nossa profissão em todos os setores. 

Tenha muito cuidado e carinho um com o outro.

Sinta-se feliz cantando e dançando na cozinha enquanto cozinha o ovo perfeito com torradas.

Nós sairemos disso como pessoas melhores.

Devemos isso às vítimas do vírus.

Nos vemos o mais breve possível!"

Saiba mais sobre o trabalho de Li em edelkoort.com