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10 ago, 2023 Moda / Design sustentabilidade materiais
TINGIMENTO NATURAL: CORES DA NATUREZA

 

Sabemos que segmento têxtil ocupa as primeiras posições entre os maiores poluidores da indústria. Em tempos os quais temos a produção e o consumo sustentável como fator de extrema importância para criar novas formas de viver, o resgate de técnicas ancestrais nos aproxima da natureza. O tingimento natural tem gerado um movimento bem interessante no mercado de moda.

Flavia Aranha, uma das pio neiras deste resgate da tinturaria natural, começou esse percurso em 2009 de um descontentamento com processo de produção na indústria da moda que pode observar in loco numa viagem à China, quando trabalhava como estilista para uma grande marca do setor. A partir deste desconforto, começou a pensar em como poderia fazer um caminho diferente. Numa viagem à Índia, visitando uma feira de rua, conheceu um grupo de mulheres que tingia lenços de seda usando plantas e ali descobriu o tingimento natural. Começou, então, suas buscas e pesquisas em como encontrar e fazer isso aqui no Brasil olhando para sua própria cultura. Descobriu colorações naturais feitas com catuaba, cúrcuma, urucum e pau-brasil, entre outras matérias-primas naturais. Para ela “a cor da moda é a de uma planta que faz sentido naquele momento, e não apenas a que foi usada em um desfile em Paris”.

 

 

Transformar elementos da natureza em cores, também se tornou a paixão da pesquisadora e professora Kiri Miyazaki, que durante a faculdade despertou o interesse para esta prática. Resgatou a tradição milenar do cultivo do índigo japonês, planta que dá origem à cor azul anil, que está em vias de extinção. “A extração do azul do índigo japonês é um longo caminho a percorrer. Da germinação à extração do pigmento azul são necessários 365 dias. Primeiro, as sementes são semeadas e colocadas em uma estufa por 30 dias. São transplantadas para o solo e lá ficam por mais quatro meses. São colhidas secas e entram em um processo de fermentação por mais 120 dias. O preparo da tina de tingimento pode levar mais 30 dias”, fala Kiri em seu site. Ela disponibiliza duas apostilas em seu site para quem quiser se aventurar por esse conhecimento.

Essa nova dinâmica na esfera de tingimentos abre novos caminhos e está criando um mercado de matéria prima que não existia. Quase tudo que tem na natureza pode se tornar corante natural, materiais naturais que antes seriam descartados são reaproveitados, como serragem de madeira, galhos de poda, cascas de alimento.  

 

 

Apesar desse movimento estar sendo feito numa escala artesanal em pequenas e medias empresas a indústria tem se inspirado muito nesse cenário e propondo coleções com tingimento natural, como a Nike fez em sua coleção Plant Color Collection. Porém Flávia Aranha fala que é preciso cautela, pois antes “é preciso desconstruir o pensamento industrial de diminuir tudo, o preço, a velocidade, as variações. A ideia é usar um pouco de muita coisa para que se torne viável, não dá para todo mundo utilizar os mesmos materiais. O mercado e o fast fashion vão ter que reformular seus modelos de negócio. Temos que repensar o nosso jeito de consumir."

 

 

Leia mais em Glamour , Hypeness e Revista Gol 

Foto da capa Flavia Aranha


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