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ESTRATÉGIAS DE DESIGN PARA CIRCULARIDADE - A NOVA GERAÇÃO DE FIBRAS TÊXTEIS

Refletir sobre o processo de design e produção de moda atuais coloca em pauta as principais questões relacionadas à emergência climática. Desse modo, é fundamental discutir oportunidades para reduzir os impactos ambientais e sociais atrelados a produção, uso e descarte de uma peça de roupa. O ciclo de vida do produto e a importância de analisar cada etapa do processo de produção, têm sido temas recorrentes por aqui. Isso porque, estes são pontos fundamentais quando se fala em projetar para a circularidade. O design, ponto inicial da criação, tem grande influência sobre os outros estágios do ciclo de vida. De acordo com relatório da European Commission (RICCHETTI, 2017), 80% do impacto ambiental de um produto é determinado pelas decisões tomadas na fase de design.

O desenvolvimento do conceito, a pesquisa de mercado e de tendências, a concepção da coleção e a pesquisa e seleção de tecidos e de processos têxteis, são as atividades que, geralmente, fazem parte da etapa de design. A elaboração de estratégias de melhoria começa com o mapeamento do ciclo de vida do produto que será desenvolvido, passa pela identificação dos pontos-chave que provocam maior impacto, depois, pela avaliação dos principais pontos a serem abordados, e, por fim, pela incorporação das estratégias relevantes para minimizar ou eliminar os impactos negativos nos outros estágios (GWILT, 2014).

 

Imagem 1: Fiação

A partir da análise dos inputs – Quais os materiais e suprimentos que serão usados? Do que eles são feitos? Quais serão os processos de corte e acabamento? Esses processos pedem recursos? – e da identificação dos potenciais outputs – Quais são as saídas que surgem dos processos de tingimento e estamparia? Quais as saídas que surgem dos processos de produção da matéria-prima? Quais as saídas relacionadas ao design das peças? – é possível identificar os principais impactos associados a essa etapa do ciclo de vida.

De uma forma geral, os aspectos estéticos e simbólicos são os critérios preponderantes quando designers selecionam os fios e tecidos que serão utilizados na coleção. Entretanto, hoje é fundamental considerar a origem de cada matéria-prima e tudo o que acontece até ela se transformar em tecido. Mas, é importante lembrar que a escolha de uma fibra em detrimento de outra não deve depender unicamente da sua sustentabilidade nos primeiros estágios do ciclo, tem-se que levar em consideração, o uso e a gestão do fim da vida útil da peça (SALCEDO, 2014).

 

Imagem 2: Matéria-prima

Atualmente, já é possível encontrar opções de fibras têxteis de menor impacto. A oferta desse tipo de produto está crescendo e se tornando cada vez mais atrativa. A Aquafil, por exemplo, um dos principais produtores mundiais de fibras sintéticas, desenvolveu o náilon ECONYL®. A matéria-prima, resíduos de náilon da produção têxtil e sobras de redes de pescas, é transformada em um novo fio com as mesmas características do náilon produzido a partir da matéria-prima virgem. O resultado é um náilon regenerado e infinitamente reciclável.

 

Imagem 3 e 4: Foto divulgação ECONYL® - Calça Triton da State of Matter e Jaqueta Evolution da Outerknown

A Nilit, outro grande player global, lançou recentemente a SENSIL® Bio Care, uma fibra de poliamida que ajuda a diminuir a persistência dos resíduos têxteis na água do mar e em aterros sanitários.  A tecnologia empregada promete reduzir o tempo de degradação dos tecidos, substancialmente mais rápido, quando comparado a uma fibra de poliamida tradicional. Outro produto interessante é o SENSIL® Eco Care produzido a partir de fios reciclados de resíduos têxteis pré-consumo. Em ambos os casos, os processos utilizam menos energia e menos água.

O reuso e a reciclagem de fibras têxteis já é possível. Substituir as fibras e materiais convencionais por opções de menor impacto devem ser levadas em conta quando o objetivo é uma produção circular. Essa é uma estratégia que faz parte da etapa de design, mas que vai impactar em todas as outras fases do ciclo de vida da peça. As decisões tomadas aqui precisam estar alinhadas com a emergência do presente e com o propósito para o futuro.

Para reduzir significativamente o impacto da indústria da moda sobre o meio ambiente é preciso inovar e adaptar as práticas de negócio. Estabelecer parcerias para o fornecimento de fibras recicladas é uma possibilidade a ser considerada. Para avançar com a agenda da circularidade na moda e fazer a diferença é preciso trabalhar em conjunto. A circularidade vai além da matéria-prima, mas este é um primeiro grande passo.

 

Referências:

GWILT, A. Moda Sustentável: um guia prático. São Paulo: Gustavo Gili, 2014.

RICCHETTI, M. Fashion: Neo-materials in circular economy. Milano: Edizioni Ambiente, 2017.

SALCEDO, E. Moda ética para um futuro sustentável. São Paulo: Gustavo Gili, 2014.

 

Saiba mais sobre o o náilon ECONYL® aqui.

Saiba mais sobre a SENSIL® Bio Care e o SENSIL® Eco Care.

 

Imagens: Karolina Grabowska no Pexel; Oğuzhan KARACA no Pexels; 🇸🇮 Janko Ferlič no Unsplash; ECONYL®.


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