SIMBIOSE

MOMENTO OUTONO/INVERNO 23

Dentre as inúmeras espécies que encontramos na natureza, o Homem, é o único ser que possui a capacidade de se entender como parte integrante da mesma, e justamente o único que não soube aprender a respeitar e a lidar como parte integrante do todo.

Segundo o cientista e escritor Stefano Mancuso, o homem tende a construir tudo à sua imagem; ou melhor, com base na imagem parcial que tem de si mesmo perdendo a possibilidade de explorar o enorme potencial criativo e inovador que poderíamos desenvolver por influência de estruturas e organizações distribuídas, como as do mundo vegetal. E justamente essa ruptura e desconexão com a natureza que nos trouxe até aqui: um estado crítico climático e ambiental beirando níveis praticamente irreversíveis. Embora tenhamos consciência de que não podemos (ou devemos) continuar agindo de forma tão destrutiva, simultânea e paradoxalmente, muitos ainda pensam que tomar uma iniciativa que possa contribuir para um futuro melhor é como se engajar numa missão quase impossível.

No entanto, como resultado de pequenas mudanças ocasionadas pela pandemia de COVID-19, grupos de pessoas alimentadas pelo desejo de equilíbrio e provocadas pelo entendimento de que somos seres e espécies diferentes, mas de natureza complementares e cuja multiplicidade de interações beneficiam a todos e ao planeta, começam a despertar para uma reorganização em massa, descentralizada, que permite gerar novas e inesperadas alianças.

Encontramos assim, como base para organização das tendências para o Outono/Inverno 23, o manifesto “Protopia Futures” liderado pela designer e “futuróloga” Bielskyte (e redigido por um coletivo de pensadores) em 2019 abre sua proposta operando com a ideia de muitos futuros possíveis, futuros plurais, e não um só futuro, nunca finito, sempre interativo, destinado a ser questionado, ajustado e expandido.

Tendo como atributos a pluralidade (para além do binário), a comunidade (para além as fronteiras), celebração da presença, ação regenerativa & vida como tecnologia, espiritualidade simbiótica, criatividade & subculturas emergentes, e evolução de valores culturais, Bielskyte coloca esses termos como condição para a nossa própria sobrevivência. “Não há cura, a menos que mudemos”.

Como qualquer outra indústria, a indústria da moda precisa mudar para manter este planeta habitável para os seres humanos. É preciso ignorar as convenções estabelecidas e restaurar princípios que se sustentaram na natureza por muito mais tempo do que a existência humana. O conceito central para a estação outono/Inverno 23- Simbiose- apresenta uma proposta estética e estratégica, onde as interseções entre Pessoas, Natureza e Tecnologia se constituem como os pilares que nos impulsionarão para um futuro de novas oportunidades, que seja sustentável, justo e profundamente inebriante.

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